Unemat lança primeiro curso de Enfermagem Intercultural Indígena do mundo
Faculdade Indígena Intercultural da Unemat é pioneira mundial na oferta do curso
Graduação ofertada pela Universidade do Estado de Mato Grosso é exclusiva para povos originários pertencentes a uma das 46 etnias reconhecidas no MT
O Brasil é o primeiro país do mundo a oferecer um curso de graduação em Enfermagem Intercultural Indígena construído especificamente para atender as necessidades e demandas das populações originárias. A iniciativa pioneira é da Faculdade Indígena Intercultural da Universidade do Estado do Mato Grosso (Faindi/Unemat), localizada no município de Barra do Bugres. No total, serão 50 vagas destinadas exclusivamente à formação de pessoas pertencentes a um dos povos ameríndios do estado. A expectativa é de que os futuros enfermeiros estejam aptos a ofertar uma assistência qualificada e que reconheça as especificidades de cada comunidade.
As inscrições são gratuitas e acontecem de forma totalmente on-line até o dia 31 de julho. Para conferir as instruções de preenchimento da aplicação, clique aqui. As vagas serão concedidas de modo a assegurar que pelo menos um indígena de cada uma das 46 etnias oficialmente reconhecidas no estado seja contemplado. As quatro vagas remanescentes serão distribuídas para os povos com maior contingente populacional.
Para Ana Cláudia Trettel, enfermeira e coordenadora do curso, a graduação em Enfermagem Intercultural Indígena tem uma relevância inestimável. “A partir dessa iniciativa, respeitamos a ancestralidade e honramos todo o conhecimento que esses povos já possuem sobre saúde, realizando uma interlocução dos saberes disponíveis, assegurando sempre a interculturalidade. Desta forma, vamos devolver a essas populações aquilo que lhes é de direito: a gestão do cuidado de saúde do seu povo”, destaca a docente, que também integra a Comissão de Processos Éticos do Conselho Regional de Enfermagem do Mato Grosso (Coren-MT).
“A Unemat é pioneira nas Américas e há 20 anos forma profissionais indígenas em cursos de licenciatura. Os alunos das graduações já existentes nos demandaram a necessidade urgente de formação de profissionais enfermeiros para ampliar a oferta de assistência que esteja de acordo com as particularidades interculturais de cada povo”, conta Ana Cláudia.
Reconhecimento – O Cofen, por meio da Comissão Nacional de Enfermagem em Saúde Intercultural (Conenfsi), proferiu este ano parecer favorável à criação do curso. “Esta graduação é de grande valor para os povos originários, pois pretende formar profissionais oriundos das etnias mato-grossenses, abrindo portas para que outras instituições de ensino possam entender a magnitude dessa iniciativa e replicá-la. A Enfermagem é uma profissão de avanços e empoderamentos, e cada vez mais tem expandido seu escopo de atuação. Por meio da Comissão Intercultural, trabalhamos para conscientizar a nossa categoria sobre a importância do atendimento de qualidade aos povos indígenas”, afirma Paulo Murilo de Souza, coordenador da Conenfsi.
Exclusividade – O curso é destinado a todos aqueles que finalizaram o segundo grau e que nasceram em terras indígenas mato-grossenses. As vagas serão preferencialmente destinadas aos Técnicos em Enfermagem, Agentes Indígenas de Saúde (AIS) e Agentes Indígenas de Saneamento (AISAN) que atuam ou já atuaram em comunidades originárias, ou em outras instituições de saúde voltadas para essas populações, mediante comprovação documental.
Enfermagem e saúde indígena – O cuidado qualificado de Enfermagem é essencial para aumentar a cobertura e resolutividade da assistência à saúde dos povos originários. Parte significativa mora em locais de difícil acesso e enfrenta vulnerabilidade social e econômica, fatores que favorecem a prevalência de agravos como desnutrição e tuberculose, que é três vezes mais frequente na população indígena. Mortes sem assistência de saúde predominam, e a mortalidade materna supera a média nacional.
Fonte: Ascom – Cofen