Produtores de pitaya desenvolvem técnicas com adubo de coco e plantio em estacas de concreto para aumentar produção no ES
12, março 2023
De acordo com o produtor rural, a casca do coco cria uma camada orgânica de nutrientes e que protege a planta da umidade. Produção de pitaya cresce no Espírito Santo
Exótica, de sabor doce e conhecida pelas cores exuberantes, a pitaya ganha cada vez mais espaço entre os consumidores. Animados com o sucesso da fruta e o aumento do consumo no Brasil, os produtores rurais estão apostando no plantio da “fruta-do-dragão” e desenvolvendo técnicas para a produção em condições adversas.
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No Espírito Santo, um dos produtores da fruta é o Moacir Dias Pereira. Com a propriedade de um hectare localizada em Cangaíba, na zona rural de Cariacica, na Grande Vitória. Considerado o maior produtor de pitaya do Espírito Santo, Moacir cultiva mais de 60 variedades da fruta.
Resultado de anos de dedicação a estudo sobre o cultivo de pitaya, Moacir desenvolveu uma técnica que usa coco verde como adubo e proteção das raízes da planta.
“Eu colo só esterco, depois aproveito os cocos verdes que são jogados fora, deixo eles desidratar, eu trituro, jogo no chão e faço uma cobertura solar, porque as raízes são superficiais e há a necessidade de fazer uma cobertura solar. Além da cobertura morta que eu uso, eu uso as próprias plantas. Sempre tem matéria orgânica verde para fazer essa cobertura e fazer esse resfriamento do solo”, disse ao Jornal do Campo.
Coco verde é desidratado e usado como adubo para produção de pitaya no ES
Reprodução/TV Gazeta
De acordo com o técnico da secretaria de Agricultura de Cariacica Wanderson Souza, a técnica, além de agregar nutrientes para o solo, também contribui para a destinação correta da casca de coco.
“Ele viu o quanto isso trouxe benefícios e agregou a isso aquilo que chamamos de matéria morta, que, no caso, é a casca de coco. Um problema ambiental nas cidades, que estamos na região Metropolitana, é a destinação”, explicou.
“Além de ser uma fonte de matéria orgânica e nutriente ainda faz essa cobertura no solo, retendo a umidade e dando à planta maiores condições de desenvolvimento e adaptação”, completou.
Pitaya cultivada no ES
Reprodução/TV Gazeta
O produtor explicou ainda que a poda da pitaya é fundamental para o desenvolvimento da fruta.
“Pitaya depende de estar limpo o cladódio onde vai produzir. Aqueles brotos que aparecem de lado a gente pode e não tem época. Quando aparecer tem que podar”, disse.
Por ser uma planta da família dos cactos, a produção também depende muito do sol. Um exemplo é que uma metade da área plantada na área de Moacir, produz bem mais do que a outra. Isso porque a primeira fica exposta do nascer ao pôr-do-sol, e a segunda apenas cinco horas.
Pordutor rural do ES, Moacir, podando pitaya.
Reprodução/TV Gazeta
Já na época da floragem, a planta precisa de água para se desenvolver.
“A pitaya, como não depende de muita água, é aconselhável fazer a irrigação na época da floração. No entanto, como está chovendo muito e meu solo é todo coberto, há dois anos eu não molho minhas pitayas e os frutos estão grandes”, disse.
Plantio
Produção de pitaya no ES
Reprodução/TV Gazeta
O produtor explica ainda que, por se tratar de cacto, a pitaya não precisa ser plantada no chão.
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“Só de encostar, ela já desenvolve. Quando as mudas são mais caras, de R$ 200, R$ 300, a gente compra apenas uma de 40 centímetros e corta cada pedacinho com três centímetros e a gente enxerta em outra. Daqui a um dois anos, vai dar fruta normal”, disse.
Flores
Flor de pitaya só desabrocha a noite. Plantação do ES.
Reprodução/TV Gazeta
Apesar do fruto ser conhecido, as flores da pitaya também chamam atenção, mas, como são de hábitos noturnos, quase não são conhecidas.
“Normalmente, a gente visita o pomar de dia e as plantas estão aqui dizendo ‘as flores já secaram’. A flor é exuberante, é bonita, mas é de hábito noturno. Quem quiser ver uma flor da pitaya, tem que vir a noite. Caso contrário, vai ver uma flor ressecada durante o dia”, disse.
Expectativa
Produtor rural do ES colhendo pitaya
Reprodução/TV Gazeta
Neste ano, segundo Moacir, a expectativa dele é colher cerca de 20 toneladas da fruta, vendida para supermercados, feirantes, clientes com um preço médio de R$ 8 o quilo.
Segundo o produtor, ele já está atento para atender o mercado externo também.
Produção de pitaya no ES
Reprodução/TV Gazeta
“O mercado externo é muito devido ao valor agregado. A Europa, por exemplo, paga um preço bom. Ela necessidade de uma fruta melhor. Eu não exportei ainda devido a necessidade de atender o mercado interno. Tem colegas meus que já estão exportando”, disse.
Estacas de concreto
Produção de pitaya em regiões altas
Outro produtor rural que viu uma oportunidade na produção de pitaya foi o agricultor Marcelo Endriger, que tem uma propriedade localizada a 500 metros de altitude na localidade de Pau Amarelo, a 50 minutos de Cangaíba.
Marcelo disse que visitou o Moacir, comprou mudas e resolveu fazer um plantio experimental onde mora havia cerca de um ano.
“Inicialmente, eu tinha poucas mudas, hoje tenho 200 pitayas plantadas em estacas de concreto, que é um diferencial também para fruta, que ela se adapta melhor”, disse.
Pitayas plantadas em estacas de concreto no ES
Reprodução/TV Gazeta
Segundo o técnico da Secretaria de Agricultura de Cariacica Wanderson Souza, Marcelo precisa de uma cuidado a mais devido à localização da propriedade.
“Apesar da rusticidade dessa planta, implicam essas alterações em, talvez, uma produção um pouco mais tardia. Tem que estar atento porque o frio aumenta com a altitude e implica no comportamento da planta, sobretudo nas suas condições de produção. Água demais também pode ser um problema”, disse.
Já no solo, o produtor usa adubo de esterco de galinha.
“Não trabalhei com adubo químico e aqui a gente também produz palmito de pupunha. Então, vamos trabalhar com a casca do palmito de pupunha, que, como é um resíduo, vai proteger, virar uma camada orgânica e virando adubo”, disse.
Vídeos: Jornal do Campo
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Fonte: G1