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Paulo Câmara é nomeado presidente do Banco do Nordeste

29, março 2023

Nomeação do ex-governador de Pernambuco ocorreu nesta quarta (29), após reunião do Conselho de Administração do BNB. Imagem de arquivo mostra o ex-governador de Pernambuco Paulo Câmara (PSB)
Governo do Estado/Divulgação
O ex-governador de Pernambuco Paulo Câmara foi nomeado para comandar o Banco do Nordeste (BNB). O anúncio aconteceu nesta quarta (29), após reunião do Conselho de Administração do banco. Ele substitui o também pernambucano José Gomes da Costa, que estava no cargo desde janeiro de 2022.
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A nomeação de Paulo Câmara vinha sendo discutida desde o início do ano. O ex-governador recebeu o convite do presidente Lula (PT).
Câmara foi governador de Pernambuco por duas vezes, entre 2015 e 2022, pelo PSB, partido que deixou em janeiro.
A nomeação esbarrava numa antiga proibição de indicação para estatais de integrantes de partidos ou pessoas que atuaram em eleições (entenda mais abaixo). Essa regra da Lei das Estatais foi suspensa neste mês pelo ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Em fevereiro, Câmara teve uma audiência com o presidente Lula em Brasília, quando foi selada a nomeação. A sede do BNB fica em Fortaleza, no Ceará.
Funcionário de carreira do Tribunal de Contas do Estado (TCE-PE), Paulo Câmara é formado em economia pela Universidade federal de Pernambuco (UFPE) e tem mestrado na mesma área.
Confira a nova diretoria do BNB:
Paulo Henrique Saraiva Câmara – Presidente;
Anderson Aorivan da Cunha Possa – Diretor de Negócios;
Bruno Ricardo Pena de Sousa – Diretor de Planejamento;
Haroldo Maia Júnior – Diretor de Administração;
Lourival Nery dos Santos – Diretor de Controle e Risco;
Luiz Abel Amorim de Andrade – Diretor Financeiro e de Crédito;
Thiago Alves Nogueira – Diretor de Ativos de Terceiros.
Alteração na lei
Sede do Banco do Nordeste do Brasil (BNB),
Camila Lima/SVM
A indicação para presidir o BNB dependia da mudança na Lei das Estatais porque a legislação exigia que dirigentes partidários ficassem afastados das legendas por pelo menos três anos antes de serem nomeados para cargos de direção da administração direta ou em empresas públicas, como o BNB.
Em dezembro de 2022, a Câmara dos Deputados aprovou o projeto de lei que modifica a Lei das Estatais e flexibiliza restrições que dificultavam a nomeação de políticos para a presidência e diretorias de empresas públicas.
Essa alteração abriu caminho para a posse de Aloizio Mercadante no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES), em fevereiro.
O Banco do Nordeste
O BNB foi fundado em 1952 para atuar no chamado polígono das secas, atendendo a moraadores das regiões nordestinas mais afetadas pela estiagem.
Em 70 anos, aos poucos, teve sua atuação ampliada. Atualmente, o BNB atua nos nove estados do Nordeste, em parte de Minas Gerais e no Norte do Espírito Santo, transformando-se no maior banco de desenvolvimento regional da América Latina.
São 292 agências físicas e mais de 5,3 milhões de clientes ativos. O BNB também é responsável por grande parte da concessão de microcrédito no país.
Quem é Paulo Câmara
Aos 50 anos, Câmara deixou o Palácio do Campo das Princesas, sede do governo de Pernambuco, no fim de dezembro de 2022, após oito anos.
Levado para a política pelo “padrinho” Eduardo Campos (PSB), falecido em 2014, ele governou Pernambuco por dois mandatos consecutivos. As eleições em que foi eleito governador foram as únicas das quais participou.
Antes disso, foi Secretário de Administração (2007–2010), Secretário de Turismo (2010) e Secretário da Fazenda de Pernambuco (2011–2014) durante a administração do então governador Eduardo Campos. Paulo é casado com a juíza Ana Luiza Câmara e tem duas filhas.
Na primeira eleição para o governo de Pernambuco, Câmara substituiu João Lyra (PSDB), pai da atual governadora, Raquel Lyra (PSDB). Ele venceu em primeiro turno, derrotando como principal adversário o ex-senador Armando Monteiro Neto, então no PTB e atualmente no PSDB.
A eleição de 2014, a primeira de Paulo Câmara, foi marcada pela comoção provocada pela morte do ex-governador Eduardo Campos, que tinha se licenciado do cargo para concorrer à Presidência da República.
Campos morreu num acidente aéreo em 13 de agosto de 2014 – quando o avião em que viajava caiu no município de Santos (SP). No acidente, também morreram pilotos e assessores.
No seu primeiro governo, Câmara enfrentou uma crise na segurança pública do estado. O Exército teve que atuar no Grande Recife, depois que parte da tropa fez uma “operação-padrão” e reduziu as atividades para pressionar por melhores salários e condições de trabalho.
Em 2018, Paulo Câmara voltou a enfrentar Armando Monteiro Neto como principal adversário, vencendo novamente no primeiro turno.
No segundo mandato, foi um dos articuladores do Consórcio Nordeste, formado por governadores da região. Ele foi presidente desse grupo, que atuou principalmente durante a pandemia do novo coronavírus.
Eleições 2022 e desfiliação do PSB
Na carta em que anunciou a saída do PSB, o ex-governador disse que os anos em que passou no governo “foram desafiadores, com as sucessivas crises enfrentadas pelo país e pelo mundo, a mais grave de todas a pandemia”.
Paulo Câmara também afirmou que teve dedicação integral a Pernambuco nos dois mandatos de governador e ressaltou “avanços em todas as áreas da gestão, sobretudo na educação”.
Nas eleições de 2022, Paulo Câmara apoiou o presidente Lula, embora tenha participado de poucos eventos no curso da campanha. Para governador, ele apoiou o candidato do PSB, Danilo Cabral, que ficou fora do segundo turno do pleito.
Quando entregou a faixa à governadora Raquel Lyra, Paulo Câmara encerou um ciclo de 16 anos do PSB – agora seu ex-partido – à frente do governo de Pernambuco.
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Fonte: G1