IPTU, IPVA e material escolar: saiba como preparar o orçamento para o começo do ano
2, janeiro 2023
Especialistas dão dicas para organizar despesas e entrar em 2023 com as contas no azul. Planejamento financeiro é alternativa para que consumidor evite ficar no vermelho nos primeiros meses do ano
Divulgação
Começo de ano chegou e, com ele, uma lista de novas contas para pagar: Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e o Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), além das taxas de mensalidade e rematrícula de escolas e universidades e dos gastos com material escolar.
Segundo especialistas em educação financeira, fazer o registro das despesas diárias e a organização do orçamento é o primeiro passo para o consumidor evitar ficar no vermelho nos primeiros meses do ano – e o processo pode ajudar até mesmo quem já está endividado a retomar as rédeas da vida financeira.
Veja abaixo as principais dicas.
Entenda seu perfil e sua situação financeira atual
A primeira coisa a ser feita, dizem os especialistas, é entender o seu perfil de consumo e identificar qual é sua real situação financeira. Segundo o presidente da Associação Brasileira de Profissionais de Educação Financeira (Abefin), Reinaldo Domingos, são quatro situações principais: investidor, equilibrado, endividado e superendividado.
investidor: pessoas que já têm um domínio de sua vida financeira e já conseguem guardar e até investir recursos.
equilibrado: pessoas que não possuem problemas financeiros sérios, que têm dívidas sob controle e contas em dia, mas que ainda não conseguem guardar recursos suficientes para investir.
endividado: pessoas que possuem dívidas em andamento e não conseguem ter sobras de dinheiro no final do mês
superendividado: aqueles que já deixaram de honrar seus compromissos e acabaram com o nome sujo na praça.
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Na ponta do lápis
Identificada a situação financeira, o próximo passo é o registro de receitas e despesas e o planejamento financeiro para os próximos meses. O processo é praticamente o mesmo para todos, mudando apenas pequenos detalhes entre um perfil e outro.
Para os investidores, por exemplo, Domingos afirma que a principal necessidade é entender e planejar os gastos do próximo ano.
“O orçamento financeiro é a chave para eu ter a certeza do que vai acontecer. E aqui, eu incluo não apenas as contas recorrentes, mas também as sazonais, como os gastos do começo de ano com IPTU, IPVA e material escolar e até mesmo as despesas com aniversários e datas comemorativas. Além disso, é importante pensar no longo prazo, planejando alguns anos à frente também”, explica o presidente da Abefin.
Já para os equilibrados, a dica é reorganizar as contas para conseguir sobras mais significativas no final do mês.
“Muita gente vive no limite e, nesse caso, é preciso sair um pouco da zona de conforto. Essa pessoa vai precisar fazer uma lição de casa, com uma boa faxina financeira nos seus gastos mensais e nos seus hábitos de consumo, para que ela consiga manter uma reserva e evite que algum imprevisto a torne inadimplente”, diz Domingos.
Os endividados, por sua vez, precisarão descobrir os tipos de dívidas que têm para então diagnosticar se elas são saudáveis ou prejudiciais. Para isso, é preciso entender quanto do orçamento já está comprometido com esses débitos e avaliar os riscos de um possível calote.
“Não é necessariamente o percentual do orçamento que está comprometido que importa, mas a situação em que a pessoa vive. É preciso entender que a dívida não pode ser colocada como um problema porque, quando ela é saudável, é maravilhosa. O grau de endividamento é que vai determinar quais mudanças essa pessoa precisa fazer na vida dela para não dar calote no ano que vem”, afirma o presidente da Abefin.
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Para os superendividados, por fim, a dica principal é fazer o diagnóstico das dívidas. Na prática, isso significa colocar no papel todos os compromissos – os que já não foram honrados e os que ainda vão vencer – e estabelecer seu orçamento financeiro, para só então entrar em contato com o credor.
O objetivo desse processo é avaliar qual a capacidade de pagamento e, segundo os especialistas, muitas vezes esse caminho passa por assumir o calote até que se tenha recursos para possibilitar uma renegociação das dívidas.
“Quando essa pessoa consegue guardar algum dinheiro, ela tem massa para chegar no credor e tentar negociar um pagamento para uma parcela que seja menor, caiba no orçamento e que ela consiga pagar. É uma economia de guerra, e muitas dessas coisas passam por uma mudança de comportamento”, diz planejadora financeira da Associação Brasileira de Planejamento Financeiro (Planejar) Angela nunes.
Autocontrole e estratégias alternativas
Para aqueles que não conseguem reorganizar o orçamento porque sempre há uma dívida nova, dicas como estabelecer objetivos e não se expor à tentação da compra também podem ajudar.
“Muita gente gasta mais do que o necessário ou do que o previsto porque compra pelo impulso ou se deixa levar pelo apelo do marketing. Então vale pesquisar o preço das coisas e até fazer uma reflexão se aquilo que você quer comprar é realmente necessário. É preciso se conhecer e, se não há esse autocontrole, não se exponha à tentação”, afirma Nunes, da Planejar.
Para ela, uma maneira efetiva de colocar os gastos em perspectiva é transformá-lo em horas de trabalho. “Basta calcular quantas horas você precisaria trabalhar para pagar aquela conta. Além disso, também vale separar o dinheiro que já tem algum destino e avaliar as despesas que você já tem, porque muitas vezes tem dinheiro demais em itens que não são tão necessários assim”, completa.
Outra dica importante dada pelos especialistas é explorar alternativas criativas para diminuir os gastos. A economia colaborativa, por exemplo – modelo no qual os consumidores compartilham ou trocam produtos e serviços ao invés de adquiri-los – é uma opção, assim como comprar produtos no atacado, em parceria com outras pessoas, para barganhar descontos.
“A recomendação é tentar alternativas mais leves. Pensar em opções para que esse período de férias tenha experiências mais criativas do que custosas, por exemplo, ou compartilhar o uso de um carro parado em troca de ajudas de custo são coisas que também podem ajudar a reduzir gastos”, afirma Gustavo Cerbasi, especialista em inteligência financeira e sócio da SuperRico Projetos de Vida.
“A solução fundamental para esses problemas é conversar sobre eles. Não é vergonha nem humilhação dizer que está com dificuldade financeira quando quatro em cada cinco pessoas passam por isso. É preciso falar sobre dinheiro para que soluções criativas e interessantes sejam encontradas”, completa Cerbasi.
Fonte: G1