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Intenção de consumo das famílias é a maior desde abril de 2020, puxada por baixa renda

31, janeiro 2023

Consumidores de menor renda começaram o ano com mais disposição para gastar. Por outro lado, as famílias que recebem maiores salários pretendem reduzir seu nível de consumo. Consumo
FABIO RODRIGUES POZZEBOM/AGÊNCIA BRASIL
Os consumidores de menor renda começaram o ano com mais disposição para gastar. Por outro lado, as famílias que recebem maiores salários pretendem reduzir seu nível de consumo. É o que aponta pesquisa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) divulgada nesta terça-feira (31).
De acordo com a pesquisa, a intenção de consumo das famílias aumentou, mas os consumidores com maiores salários estão mais frustrados com preços dos serviços, pouca perspectiva profissional e dificuldade de acesso ao crédito.
No geral, o índice de intenção de consumo das famílias subiu 1,3% em janeiro na comparação com dezembro e é o maior desde abril de 2020. Em relação a janeiro de 2022, a alta foi de 23,1%.
Segundo o presidente da CNC, José Roberto Tadros, a inflação mais contida nos últimos meses tem beneficiado a renda disponível para o consumo, apesar do maior endividamento das famílias.
“Esse dado indica que as famílias em geral esperam melhores condições de consumo no futuro. De fato, desde outubro de 2022, a perspectiva de consumo tem se mostrado mais positiva do que o consumo propriamente dito”, afirma.
Satisfação com a renda atual
Os consumidores entrevistados estão mais satisfeitos com a renda atual: o indicador avançou 2% em janeiro em relação ao mês anterior, e apresentou alta de 31,8% na comparação com o mesmo período de 2022.
Segundo a pesquisa, 39% dos entrevistados afirmaram que recebem o mesmo valor do ano passado, e cerca de 35% tiveram melhora da renda. Para 25,6% dos entrevistados, a renda piorou.
Famílias com menor renda querem gastar mais
O aumento geral da intenção de consumo das famílias foi puxado pela intenção das famílias com salários mais baixos, subindo 1,9% em relação a dezembro do ano passado e 25,7% na variação anual.
O índice atingiu 91,2 pontos e, embora esteja ainda na zona de insatisfação (abaixo dos 100 pontos), é o maior desde abril de 2020.
A economista responsável pela pesquisa, Izis Ferreira, aponta que os consumidores de rendas média e baixa acreditam em uma melhora das condições de consumo nos próximos meses.
“Uma das causas do otimismo é a ampliação do principal programa de transferência de renda do governo, com o pagamento do valor mínimo de R$ 600, além do incremento de R$ 150 por criança até seis anos”, explica.
Segundo ela, essa injeção de mais recursos nos orçamentos das famílias gera ânimo ao consumo mesmo com maior endividamento e dificuldade de acesso ao crédito.
Consumidores que ganham mais devem gastar menos
Por outro lado, as famílias de maior renda estão mais frustradas com a conjuntura econômica e menos dispostas a gastar no começo de 2023: a intenção de consumo caiu 1% entre elas.
“Os consumidores desse grupo estão menos satisfeitos com o nível de consumo atual, pois estão pagando mais pelos serviços em geral, e mais descontentes com a perspectiva profissional e com o acesso ao crédito, que está mais caro e seleto”, diz Izis Ferreira.
A proporção de endividados no ano passado cresceu mais nesse grupo, como mostrou o relatório anual de 2022 da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência dos Consumidores (Peic), também realizada pela CNC.
Mesmo assim, a pesquisa aponta otimismo para essa faixa de renda, com 107,7 pontos. A variação anual indicou crescimento de 15,1%.
Mais endividadas, porém com intenção de consumir mais
No recorte por gênero, a pesquisa apontou que, entre as mulheres, houve avanço na intenção de consumo de 3,3% em janeiro e de 26% na variação anual. Apesar disso, o índice está em 91,4 pontos, ainda no campo de insatisfação.
A taxa em relação aos homens está mais alta, em 96,2 pontos, e a perspectiva de compra aumentou 23,1% em relação a janeiro de 2022.
“Mesmo que as mulheres estejam mais endividadas do que os homens [segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência dos Consumidores], a pesquisa expôs que elas avaliam a renda e o nível de consumo de forma mais positiva do que os homens”, ressalta Izis.

Fonte: G1