Febre maculosa: vacina inovadora pode ser solução para a doença
Estratégia diferente mira imunização de animais para atingir proliferação dos carrapatos
Um estudo realizado pelo Laboratório de Bioquímica e Imunologia de Artrópodes do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP descobriu uma fórmula de vacina que pode ajudar a controlar a disseminação da febre maculosa, doença infecciosa e fatal causada por uma bactéria do gênero Rickettsia, transmitida pela picada do carrapato.
A notícia, divulgada pela Jornal da USP, chega após o estado de São Paulo registrar a terceira morte suspeita pela doença, chamando atenção para a condição.
O que você precisa saber:
- O estudo, publicado na revista Parasites & Vectors, descobriu que existe uma expressão proteica na alimentação do carrapato-estrela que é fundamental para a sua sobrevivência;
- Assim, pedaços dessa proteína (peptídeos) estão sendo produzidos para imunizar animais que produzirão anticorpos contra ela;
- A nova vacina teria como alvo os animais porque na fase adulta carrapatos se alimentam preferencialmente de cavalos e capivaras;
- Em suma, os anticorpos devem neutralizar a proteína e o carrapato que se alimentar de um animal vacinado morrerá, interrompendo o ciclo de proliferação da bactéria.
A diminuição da densidade populacional dos carrapatos por uma estratégia vacinal, consequentemente, interromperia em grande parte a transmissão da doença para os seres humanos. Marcelly Nassar, autora da pesquisa, ao Jornal da USP.
Embora o Brasil já tenha registrado 753 mortes em 10 anos pela febre maculosa, o número de casos não justificaria uma vacinação em pessoas, conforme pontuou a pesquisadora e veterinária. Atualmente, ela já faz testes da aplicação do imunizante em animais em sua pesquisa de doutorado.
É uma estratégia vacinal diferente, mas espera-se que a resposta no hospedeiro seja a mesma.
O que é febre maculosa?
A febre maculosa é uma doença infecciosa, febril aguda e de gravidade variável causada por uma bactéria do gênero Rickettsia, ela é transmitida pela picada do carrapato. No Brasil, o carrapato-estrela (Amblyomma sculptum) é um dos principais vetores — mas qualquer espécie pode carregar a bactéria (o gênero Amblyomma aureolatum transmite a bactéria na região metropolitana da cidade de São Paulo).
Nassar acrescentou que poucos casos são registrados por conta da falta de dados. Dado o cenário, bloquear o vetor é a melhor medida para combater a doença.
Controlar a população do vetor, portanto, é a melhor medida para controlar a doença e evitar mortes.
Vale pontuar que a febre maculosa não é transmitida diretamente de pessoa para pessoa pelo contato e os sintomas podem ser facilmente confundidos com outras doenças que causam febre alta. Saiba mais aqui sobre os perigos da febre maculosa!
Fonte: Olhar Digital