Dólar em queda: é hora de comprar?
2, fevereiro 2023
Pela primeira vez em 8 meses, moeda chegou a ser vendida abaixo dos R$ 5 nesta quinta-feira (2). No ano, moeda acumula queda de 4,43%. Cédulas de dólar
Pexels
Nesta quinta (2), o dólar deixou muita gente com sorriso no rosto: ele estava cotado abaixo dos R$ 5 pela primeira vez em quase oito meses.
A queda é resultado de uma nova desaceleração na alta dos juros nos Estados Unidos: o Fed, banco central americano, subiu a taxa de juros ontem (2) em 0,25 ponto percentual. Mas esse aumento é menor do que vinha fazendo. Na última reunião antes dessa, o aumento foi o dobro, de 0,50%.
Já a nossa taxa básica de juros brasileira, a Selic, foi mantida pelo Banco Central em 13,75%, também na quarta-feira (2).
Essa combinação favorece o real: quanto maior a diferença entre os custos dos empréstimos no Brasil e fora dele, mais atraente fica o real para uso em estratégias de “carry trade” (contratação de empréstimo em país de juro baixo para aplicá-los em outro que seja mais rentável). O Brasil é este país “rentável”, pois paga juros altos para quem investe aqui.
Mas isso significa que é um bom momento para comprar dólar? Depende.
“É uma resposta difícil. O melhor momento de comprar dólar é quando a taxa cai, e ela está caindo”, explica a economista e professora do Insper Juliana Inhasz.
LEIA TAMBÉM:
ENTENDA: O que faz o dólar subir ou cair em relação ao real
COMERCIAL X TURISMO: qual a diferença entre a cotação de moedas estrangeiras e por que o turismo é mais caro?
DÓLAR: Qual o melhor momento para comprar a moeda?
DINHEIRO OU CARTÃO? Qual a melhor forma de levar dólares em viagens?
Segundo a professora, essa movimentação do Fed mostra que a economia americana “está muito confortável com o nível de inflação que eles estão, então eles param de subir a taxa e isso deve dar um dinamismo maior para a economia, com aumento de crescimento e por aí vai”.
Entenda o que faz o dólar subir ou descer
Então, se a economia americana está melhor do que se esperava, os impactos negativos de uma eventual recessão americana para o resto do mundo diminuem.
“Isso cria uma expectativa de otimismo que começa a se refletir cada vez mais dentro da economia brasileira também. Então a taxa de câmbio fica em queda”, explica.
Mas a taxa de câmbio não é um resultado só da política e da economia dos Estados Unidos, mas também do cenário e das decisões do Brasil. Se as coisas ficarem instáveis por aqui e os investidores acharem que, mesmo com o retorno alto dos investimentos, não é seguro investir no país, eles tiram seus dólares daqui e a taxa de câmbio volta a subir.
Por todos esses fatores, a professora argumenta que comprar ou não a moeda americana vai ser uma boa escolha dependendo dos objetivos do comprador.
“Resumindo tudo numa frase curta: para quem precisa comprar dólar, o momento agora está mais favorável do que antes. Se a taxa vai cair mais, a gente ainda não sabe, é um conjunto de fatores que não estão todos pré-determinados.”
Segundo Inhasz, a expectativa para este ano é uma taxa mais alta do que essa que estamos vendo nesses dias.
“Dada a expectativa de taxa média mais alta, qualquer valor mais baixo indica um cenário favorável para quem precisa da moeda. Já quem eventualmente acha que isso é um investimento tem que tomar muito cuidado porque é extremamente incerto e volátil”, diz.
Fonte: G1