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'Dinheiro esquecido': de R$ 0,01 a R$ 4 mil, veja as histórias de quem encontrou recursos parados nos bancos

8, março 2023

Serviço do Banco Central liberou acesso para saques nesta terça-feira (7) e mais de R$ 62 milhões foram retirados. Dinheiro, real, notas de R$ 50
Marcelo Casal Jr./Agência Brasil
O Banco Central registrou mais de R$ 62 milhões em saques no primeiro dia de abertura do Sistema de Valores a Receber (SVR). Mais de 1 milhão de pessoas conseguiram reaver o “dinheiro esquecido” em bancos, financeiras, consórcios e outras instituições.
Ao longo da terça-feira (7), a reportagem do g1 conversou com beneficiários da medida de devolução de recursos do BC. As histórias vão de quem encontrou R$ 0,01 até mais de R$ 4 mil.
Veja abaixo cada uma delas.
Samuel Mendes: R$ 4 mil
Samuel Mendes encontrou mais de R$ 4 mil ‘esquecidos’
Samuel Mendes/Arquivo pessoal
Samuel Mendes, de 39 anos, encontrou o maior valor entre os personagens localizados pelo g1: R$ 4.267,45. Mais curioso: ele revela que na primeira edição do SVR, no ano passado, encontrou a soma de R$ 1,91. Ele voltou ao SVR depois de ser alertado por amigos que nova consulta seria liberada.
“Eu havia me esquecido de um consórcio que tinha comprado e desistido, há mais de cinco anos. O valor pago seria restituído somente no fim do grupo. E agora, estou feliz com essa novidade. Vou investir no meu escritório que estou renovando após a pandemia”, conta Samuel.
Valor na primeira consulta era de R$ 1,91.
Redes Sociais
Porém, segundo o empresário, o saque ainda não está disponível, uma vez que o BB Consórcios não efetivou o convênio com o Banco Central. “Vou entrar em contato com a instituição financeira para resolver essa questão e os trâmites burocráticos”, disse.
Pedro Delforge: R$ 3 mil
O carioca Pedro Delforge, de 26 anos, se surpreendeu ao saber que tinha quase R$ 3 mil ‘esquecidos’.
Reprodução
O carioca Pedro Delforge, de 26 anos, contou ao g1 que foi pego de surpresa com quase R$ 3 mil a resgatar. Ele foi o primeiro a ser localizado pela reportagem dentro das 643.105 pessoas que têm mais de R$ 1 mil a receber — o que representa 1,37% do total mapeado pelo Banco Central.
“Entrei no sistema por desencargo de consciência. Achei que tivesse uns 10 centavos, mas tinha R$ 3 mil”, afirmou.
O jovem não tinha ideia de onde estava esse dinheiro, mas desconfia que seja de uma conta esquecida pela família. “Perguntei para a minha mãe. Ela acha que era de uma poupança que ela fez para mim no Bradesco, que pagava até os meus 21 anos”, explicou.
Jovem tinha quase R$ 3 mil ‘esquecidos’ em banco.
Reprodução
“Quando completei os 21 anos, saquei o dinheiro para fazer um intercâmbio, mas ela continuou pagando por um tempo e ela mesma esqueceu. Eu também não sabia. Então, provavelmente, é daí”, continuou o carioca, que hoje vive em Bruxelas, na Bélgica.
O carioca não só sacou o dinheiro como já definiu seu futuro. “Coloquei em uma conta que irá render 100% do CDI. Também invisto em ações, mas agora não estou comprando, porque a Selic [taxa básica de juros] está muito alta”, concluiu.
Erica Ferreira: R$ 0,01
A diarista Erica Santos Ferreira, 37, conta que descobriu que o BC havia reaberto a consulta aos valores esquecidos durante uma conversa com a família, e que esperou “ansiosamente” por esta terça-feira para descobrir a quantia e fazer a transferência.
“Fiquei uma hora na fila e, para a minha surpresa, eu tinha apenas um centavo. Eu imaginei que o valor não fosse tão grande, mas um centavo é meio que sacanagem”, conta Erica.
Erica Santos, 37, foi uma das mais de 29 milhões de pessoas com R$ 10 ou menos para receber.
Reprodução/ Arquivo pessoal
Ela conta que mesmo sem acreditar que a quantia era grande, chegou a fazer planos com o dinheiro. “No início eu não tinha muita expectativa [sobre o valor] não, mas vai chegando o dia de ver [o saldo] e a gente dá uma ‘sonhadinha’ né”, disse.
“Sou diarista e é difícil eu pegar férias, então já me imaginei em um fim de semana fora, viajando para Socorro, no interior de São Paulo, que é o meu lugar favorito no mundo. Mas com um centavo, não vou nem ao Centro.”
Vinícius Mauro: R$ 27,76
O designer gráfico Vinícius Mauro ao checar o valor a ser resgatado
Sérgio Leite/TV Globo
O designer Vinícius Mauro chegou a pensar em planos ambiciosos para o dinheiro extra que estava como esquecido no SVR. Por fim, acabou levando um “banho de água fria”: só tinha R$ 27,76 para retirar.
“Eu queria investir nos estudos, fazer um mestrado, uma pós. Mas esse dinheiro mal dá para comprar um caderno”, contou, ao se deparar com os valores no site do Banco Central do Brasil.
Apesar da frustração, Vinícius ainda está em situação melhor que muitos brasileiros que também têm dinheiro para resgatar. Segundo dados do Banco Central, cerca de 62% do total só devem resgatar valor de até R$ 10.
“A solução vai ser comprar umas duas cervejas, né?”, brinca.
Luiz Carlos da Silva: R$ 0,02
Dois centavos. Esse foi o valor que o desenvolvedor de software Luiz Carlos da Silva, de 25 anos, descobriu em uma conta bancária, nesta terça-feira (7), quando teve início um novo período de saques de valores esquecidos.
‘Dinheiro esquecido’: Jovem tinha R$ 0,02 a receber
Reprodução/Twitter
Luiz Carlos brincou e disse que já estava procurando casas para comprar, até ter a decepção ao saber do valor que tinha guardado. As expectativas foram criadas depois que ele viu conhecidos conseguirem até R$ 1 mil pelo SVR.
“Eu conheci gente que, na leva anterior, tinha R$ 5 a receber. Também tenho conhecidos que conseguiram R$ 1 mil. Pensei que valia a pena, porque R$ 1 mil é um dinheiro que não dá para pagar muita coisa, mas já é de alguma ajuda. O que tinha lá não vale nem o tempo que passei na fila, com o celular ligado”, afirmou.
Michel Del Sent: R$ 170
Empresário de Tubarão Michel Sent
Michel Lopes Del Sent/Arquivo pessoal
O empresário Michel Lopes Del Sent, de 35 anos, é um dos brasileiros que vai receber uma quantia do “dinheiro esquecido” em instituições financeiras. Como não estava esperando, ele comemorou o valor de R$ 170 e pretende investir em criptomoedas: “um troquinho sempre é bem-vindo”, resumiu.
Michel é de Tubarão, no Sul catarinense. “No meu caso, foram dois saques, um do CPF e outro do CNPJ. O valor do CPF que vai vir é de R$ 72 e alguns centavos, e o outro, de R$ 100 do CPNJ”, resumiu.
Empresário tem R$ 170 ‘esquecidos’ em banco
Reprodução/Michel Lopes Del Sent
A quantia referente ao Cadastro de Pessoa Física (CPF) é de taxas bancárias e a do Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ), de taxas de ajuste de CDI. “Provavelmente alguma conta que teve algum rendimento e eles corrigiram e não haviam me dado”, relatou Michel.
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Fonte: G1