'Declarações de presidente ou ministro da Fazenda não vão fazer taxa de juros cair', diz Eduardo Gianetti
3, março 2023
Para economista e escritor, redução da Selic requer um caminho ‘consistente, sólido e permanente’, e passa por medidas como a adoção de um novo arcabouço fiscal. Economista diz que taxa básica de juros não vai cair “no grito”
O economista e escritor Eduardo Gianetti da Fonseca declarou que a taxa de básica de juros brasileira não vai cair “no grito”. Na avaliação dele, “é contraproducente” o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), pressionarem publicamente por uma mudança da política monetária adotada pelo Banco Central do Brasil.
Gianetti também afirmou que “todos desejam” abrir espaço para que os juros caiam no Brasil, inclusive o presidente do BC, Roberto Campos Neto – alvo de críticas de integrantes do governo. “Só que isso tem de ser feito de uma maneira consistente, sólida e permanente.”
“Não é declaração de presidente ou declaração de ministro da Fazenda que vai mudar a metodologia e a lógica que preside a política de definição dos juros para cumprimento da meta de inflação no Brasil. Acho que é até contraproducente, não é bom, não é saudável. Eles deveriam evitar”, continuou, em entrevista ao GloboNews Em Ponto, na última quarta-feira (1).
Em suas críticas a Campos Neto, Lula tem apontado a dificuldade de crescimento do país com a atual taxa básica de juros, mantida em 13,75% pelo Comitê de Política Monetária (Copom), do BC. Haddad, com tom mais ameno, disse na última quarta-feira (1) que não pressionou o Banco Central, mas que o órgão deve “fazer sua parte” para o equilíbrio da economia.
Para Eduardo Gianetti, se o governo enfrenta “de maneira grosseira” as expectativas que existem, provoca efeitos indesejáveis.
“Por exemplo, uma desvalorização cambial, que pressiona a inflação e, por sua vez, obriga o BC a aumentar juros. Eu não gosto de presidente e ministro da Fazenda falando de política monetária. Não é assunto para eles”, afirmou.
Expectativas do mercado
O economista, que é doutor em Economia pela Universidade de Cambridge e ocupante de uma cadeira na Academia Brasileira de Letras (ABL), afirmou que o embate da cúpula do Executivo com o Banco Central envolve o que ele classifica como “batalha pelas expectativas do mercado financeiro”.
“Enquanto as expectativas de inflação no Brasil não começarem a cair, é muito difícil para o BC ousar uma medida unilateral de redução de juros. Nós vimos isso acontecer no governo Dilma, um erro de sinal na política monetária, que provocou enorme dano à economia brasileira”, disse.
“Espero que isso não se repita agora. É preciso lembrar que sempre que o presidente e o ministro da Fazenda entram nesse assunto, eles causam ruído, criam constrangimento, prejudicam o jogo das expectativas para que se possa reduzir consistentemente os juros no Brasil.”
Reoneração de combustíveis
Para o economista, a volta de tributos federais sobre combustíveis é uma vitória da equipe econômica, que mostrou estar “atenta” e pretender “endereçar o grave problema fiscal que o Brasil tem pela frente”.
“Nós vamos ter neste ano um crescimento expressivo da dívida pública, que não pode continuar nos próximos anos – porque vai colocar em xeque toda a política econômica do governo e a credibilidade das contas públicas brasileiras”, disse.
Arcabouço fiscal e reforma tributária
Na avaliação de Gianetti, o novo arcabouço fiscal e a reforma tributária são duas frentes que determinarão o curso dos acontecimentos na economia brasileira a médio prazo.
“É o que vai garantir de fato o espaço para que os juros no Brasil possam cair de maneira consistente. Nós temos de lembrar que vamos estar gastando algo entre R$ 650 bilhões e 700 bilhões no pagamento de juros sobre a dívida pública. É um problema da maior gravidade num país com restrições de orçamento sérias como é o nosso”, alertou.
“Agora não se pode imaginar que vai resolver com voluntarismo para baixar no grito. As duas medidas que vão garantir esse resultado são o novo arcabouço fiscal e um sistema tributário simplificado e minimamente racional”, concluiu Gianetti.
O economista e escritor Eduardo Gianetti da Fonseca declarou que a taxa de básica de juros brasileira não vai cair “no grito”. Na avaliação dele, “é contraproducente” o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), pressionarem publicamente por uma mudança da política monetária adotada pelo Banco Central do Brasil.
Gianetti também afirmou que “todos desejam” abrir espaço para que os juros caiam no Brasil, inclusive o presidente do BC, Roberto Campos Neto – alvo de críticas de integrantes do governo. “Só que isso tem de ser feito de uma maneira consistente, sólida e permanente.”
“Não é declaração de presidente ou declaração de ministro da Fazenda que vai mudar a metodologia e a lógica que preside a política de definição dos juros para cumprimento da meta de inflação no Brasil. Acho que é até contraproducente, não é bom, não é saudável. Eles deveriam evitar”, continuou, em entrevista ao GloboNews Em Ponto, na última quarta-feira (1).
Em suas críticas a Campos Neto, Lula tem apontado a dificuldade de crescimento do país com a atual taxa básica de juros, mantida em 13,75% pelo Comitê de Política Monetária (Copom), do BC. Haddad, com tom mais ameno, disse na última quarta-feira (1) que não pressionou o Banco Central, mas que o órgão deve “fazer sua parte” para o equilíbrio da economia.
Para Eduardo Gianetti, se o governo enfrenta “de maneira grosseira” as expectativas que existem, provoca efeitos indesejáveis.
“Por exemplo, uma desvalorização cambial, que pressiona a inflação e, por sua vez, obriga o BC a aumentar juros. Eu não gosto de presidente e ministro da Fazenda falando de política monetária. Não é assunto para eles”, afirmou.
Expectativas do mercado
O economista, que é doutor em Economia pela Universidade de Cambridge e ocupante de uma cadeira na Academia Brasileira de Letras (ABL), afirmou que o embate da cúpula do Executivo com o Banco Central envolve o que ele classifica como “batalha pelas expectativas do mercado financeiro”.
“Enquanto as expectativas de inflação no Brasil não começarem a cair, é muito difícil para o BC ousar uma medida unilateral de redução de juros. Nós vimos isso acontecer no governo Dilma, um erro de sinal na política monetária, que provocou enorme dano à economia brasileira”, disse.
“Espero que isso não se repita agora. É preciso lembrar que sempre que o presidente e o ministro da Fazenda entram nesse assunto, eles causam ruído, criam constrangimento, prejudicam o jogo das expectativas para que se possa reduzir consistentemente os juros no Brasil.”
Reoneração de combustíveis
Para o economista, a volta de tributos federais sobre combustíveis é uma vitória da equipe econômica, que mostrou estar “atenta” e pretender “endereçar o grave problema fiscal que o Brasil tem pela frente”.
“Nós vamos ter neste ano um crescimento expressivo da dívida pública, que não pode continuar nos próximos anos – porque vai colocar em xeque toda a política econômica do governo e a credibilidade das contas públicas brasileiras”, disse.
Arcabouço fiscal e reforma tributária
Na avaliação de Gianetti, o novo arcabouço fiscal e a reforma tributária são duas frentes que determinarão o curso dos acontecimentos na economia brasileira a médio prazo.
“É o que vai garantir de fato o espaço para que os juros no Brasil possam cair de maneira consistente. Nós temos de lembrar que vamos estar gastando algo entre R$ 650 bilhões e 700 bilhões no pagamento de juros sobre a dívida pública. É um problema da maior gravidade num país com restrições de orçamento sérias como é o nosso”, alertou.
“Agora não se pode imaginar que vai resolver com voluntarismo para baixar no grito. As duas medidas que vão garantir esse resultado são o novo arcabouço fiscal e um sistema tributário simplificado e minimamente racional”, concluiu Gianetti.
Fonte: G1