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Consolidada no mercado, fotógrafa cadeirante luta por mais inclusão: “Quero muitos comigo, voando”

3, março 2023

Maria Paula Vieira também é jornalista, modelo, atriz, criadora de conteúdo e ativista dos direitos das pessoas com deficiência (PcD). Cadeirante, Maria se formou em jornalismo e decidiu empreender como fotógrafa
Divulgação
Maria Paula Vieira, 29 anos, era uma jovem universitária quando realizou seu primeiro ensaio fotográfico como modelo, em 2011. O resultado foi revelador: ao se enxergar nas imagens, ela percebeu o olhar do fotógrafo – e como ele fez (e faz) diferença. Decidiu que também queria estar do outro lado das lentes e se tornou a primeira fotógrafa cadeirante a se consolidar no Brasil, como se apresenta no perfil @maaria_vieira.
Nas imagens, Maria viu a verdadeira Maria. Nada daquela menina sem autoestima, abalada pela rejeição e pelo bullying enfrentados no ensino médio. Refletida ali, uma jovem sonhadora que se tornaria, além de fotógrafa e jornalista, empreendedora, criadora de conteúdo, modelo, atriz, ativista dos direitos das pessoas com deficiência (PcD) e, por tudo isso, a personagem de janeiro nas inserções do VAE na Globo e Globo News.
“Comecei a ver, pelo olhar de outro artista, o quanto eu poderia ser e era linda. Vi ali o poder que o registro fotográfico tem na vida do outro! Depois disso, eu sabia que eu queria, um dia, levar esse mesmo sentimento que senti a outras mulheres como eu”, conta a profissional, nascida em Santo André (SP).
Ainda na universidade, como aluna do curso de Jornalismo, recebeu os primeiros incentivos. A primeira câmera, presente dos pais, também foi fundamental para que pudesse praticar e, em 2015, abrir a MPV Fotografia – mais que um negócio, uma forma de jogar luz em temas ligados às mulheres e a PcDs.
“O empreendedorismo veio, para mim, também como uma alternativa de um mercado de trabalho que rejeita e dá poucas oportunidades a pessoas com deficiência, sem deixar que mostremos nosso potencial, sem oferecer chance de crescimento. E isso aconteceu muito comigo, como acontece com milhares”, afirma.
Menos preconceito, mais acessibilidade
O uso de cadeira de rodas nunca foi uma limitação. Com uma doença genética rara, recém diagnosticada, Maria passou anos se locomovendo com dificuldades e muitas dores, até a decisão de usar a cadeira.
“A sociedade vê a cadeira como uma prisão, por quê? Prisão é uma sociedade sem acessibilidade. Com acessibilidade todas as formas de andar serão respeitadas e livres. A cadeira me trouxe muito mais liberdade do que eu nunca tive, estudo, trabalho, socializo, vivo”, explica.
Exposição do trabalho foi uma das tantas conquistas de Maria Paula
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Tudo isso ela relata nas redes sociais, onde fala de representatividade, luta por um mundo mais inclusivo, acessível e anticapacitista, e compartilha o dia a dia, o trabalho e as conquistas, como fez ao lançar a primeira exposição, “Mulheres Invisíveis”.
Maria quer muito mais, como realizar novas exposições, lançar um livro fotojornalístico e ter o próprio estúdio. Os planos, no entanto, não são apenas individuais. Embora se orgulhe do pioneirismo, deseja que outras Marias, como ela, também conquistem espaço no mercado de trabalho ou outros ambientes.
“E eu posso ser a primeira (fotógrafa cadeirante) a se consolidar, mas não pretendo ser a última. Quero muitos comigo, voando!”, afirma.

Fonte: G1