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Brasil retoma protagonismo em cooperação internacional sobre bancos de leite humano

16, junho 2023
Ministro Arthur Chioro lança a nova campanha de aleitamento materno. Participa da solenidade a madrinha da Semana Mundial de Amamentação (SMAM) de 2014, a atriz Nívea Stelmann, com sua filha (Wilson Dias/Agência Brasil)

Bancos de leite humano são uma poderosa ferramenta na redução da mortalidade infantil e o Brasil é, historicamente, um protagonista no assunto — com tecnologia barata e comprovadamente eficaz na implantação destes sistemas. Ainda assim, os projetos de cooperação técnico-científica da área foram interrompidos ou esvaziados na gestão anterior. Ciente da importância da pauta, o Ministério da Saúde atuou de forma incansável, ao longo do primeiro semestre de 2023, para retomar a posição de destaque do país no cenário internacional.

Exemplo disso são as ações da delegação brasileira em Luanda, na Angola. Composta por sete representantes do Ministério da Saúde, da Agência Brasileira de Cooperação (ABC) e da Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano – Fundação Oswaldo Cruz, a equipe partiu para o continente africano com a missão de viabilizar o retorno do intercâmbio científico. Além de uma reunião com o Ministério da Saúde daquele país para debater o plano de consolidação de uma rede local de bancos de leite, a delegação brasileira também fará uma auditoria de qualidade no único estabelecimento do tipo em Angola — na Maternidade Lucrécia Paím, em Luanda.

Na África, o Brasil já retomou as cooperações com Cabo Verde, Moçambique e Angola. “As tratativas chamaram a atenção de outros países africanos que estão interessados [na expertise brasileira sobre o tema]”, conta o pesquisador da Fiocruz João Aprígio Guerra de Almeida. Ele é um dos idealizadores da rede brasileira e da Rede Global de Bancos de Leite Humano. Guiné Bissau, Guiné Equatorial, São Tomé e Príncipe e África do Sul sinalizaram entusiasmo em firmar cooperação inédita.

Intercâmbio cultural

As cooperações viabilizam que o Brasil apoie tecnicamente a instalação e qualificação de bancos de leite humano em outros países, em todas as etapas, do acolhimento às gestantes, tratamento do leite doado, incluindo a pasteurização, armazenamento do leite e a logística de distribuição. Os projetos incluem o compartilhamento de experiências, saberes e tecnologias, além de visar o fortalecimento das capacidades locais, respeitando os diferentes contextos socioeconômicos e culturais.

Além disso, os acordos são uma forma de o Brasil exportar ciência e tecnologia social nacional, e ainda modelos de políticas públicas que podem ser replicadas em outros países. “Os projetos de cooperação nos fizeram crescer e aprender muito com as experiências de outras culturas, ajudando a reforçar o lugar de vanguarda científica e tecnológica que o Brasil ocupa nesse campo”, avalia João Aprígio. O país também conta com o apoio da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas/OMS) como centro colaborador na dimensão regulatória.

Atualmente, o Brasil tem termos de cooperação com todos os países da América Latina, com exceção do Chile. De janeiro a maio, o país resgatou projetos com Venezuela, El Salvador, Paraguai, Equador e República Dominicana. Ainda estão agendadas negociações com Bolívia, Colômbia, Uruguai, Peru, Guatemala, Costa Rica, Honduras, Panamá e Cuba. No Caribe inglês, foram iniciadas conversas com Trinidad e Tobago. “Agora é o momento da revitalização de nossas ações, de retomada de toda a nossa cooperação técnica científica que estava parada, os projetos foram interrompidos”, explica João Aprígio.

Rede brasileira de banco de leite humano é referência mundial

Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil tem a maior e mais complexa rede de bancos de leite humano do mundo, sendo referência internacional por utilizar estratégias que aliam baixo custo e alta qualidade e tecnologia. São 227 bancos de leite humano e 240 postos de coleta distribuídos em todos os estados brasileiros.

Além de englobar ações de coleta, processamento e distribuição de leite, os bancos de leite humano e postos de coleta oferecem acolhimento e prestam assistência a mulheres, crianças e famílias na prática do aleitamento materno.

Um exemplo interessante de como a pesquisa nacional reduziu os custos dos bancos de leite é relativo às embalagens usadas para armazenar o leite doado. Na década de 1980, o gasto com embalagens representava entre 80% e 85% do custo de implantação dos bancos de leite. Foi a partir de pesquisas de um grupo da Fiocruz que começaram a ser reutilizadas embalagens de maionese e leite em pó, após higienização segura.

Qualquer quantidade de leite doado salva vidas

A Rede Global de Bancos de Leite Humano (rBLH) integra mais de 20 países e constitui uma política pública internacional para a promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno. O Ministério da Saúde, em parceria com a rBLH, lançou campanha de incentivo a doações de leite materno ao longo de maio.

O leite humano é capaz de reduzir a mortalidade de crianças menores de 5 anos por causas evitáveis. Este é o melhor alimento para os recém-nascidos, pois traz em sua composição proteção imunológica contra doenças infecciosas e também atua no desenvolvimento afetivo e psicológico. A taxa de prematuridade no país foi de aproximadamente 12% entre 2021 e 2022, de acordo com dados preliminares do Sistema de Monitoramento de Nascidos Vivos (SINASC).

Qualquer quantidade de leite materno é importante e pode ser doada. Um pote de 200 ml pode alimentar até 10 bebês prematuros ou de baixo peso. Por diversas razões, nem todas as mulheres podem amamentar seus bebês, mas toda mulher que amamenta é uma possível doadora de leite humano. Para doar, é preciso ser saudável e não estar usando nenhum medicamento que interfira na amamentação.

Para encontrar o banco de leite humano mais próximo, basta ligar no telefone 136 ou acessar o site da Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano.

Fonte: Dourados Agora