Balanço dos 100 dias do governo Riedel
Nos primeiros meses à frente do governo de Mato Grosso do Sul, o tucano não enfrentou grandes desafios. Entre as discussões, Riedel trabalhou com medidas movidas pela urgência social, deslizou em ações ambientais e estabeleceu contato afinado com a esquerda regional e nacional.
Nos primeiros meses de mandato, o governo de Eduardo Riedel (PSDB) se comprometeu com uma das promessas feitas ainda durante a campanha: dar continuidade ao trabalho feito pelo antecessor, Reinaldo Azambuja. Nestes primeiros 100 dias de governo, o atual tucano abriu poucas brechas para políticas próprias, estreitou laços com a esquerda, deslizou em questões ambientais e manteve a tônica do agronegócio em relação aos conflitos agrários entre indígenas e produtores rurais.
Alguns momentos e acontecimentos que ocorreram nos primeiros meses de gestão de Riedel estão listados: a aproximação regional e nacional com a esquerda, no caso o PT de Lula, a toada de trabalho contra a violência infantil e a situação de emergência em 21 cidades no estado por causa de fortes tempestades.
Foram dois grandes conflitos entre indígenas e produtores rurais dentro deste curto espaço de tempo do governo de Eduardo Riedel. O primeiro foi em Rio Brilhante, quando três indígenas – incluindo um adolescente – foram presos após confronto com a Polícia Militar. À época, o trio foi autuado por desobediência, esbulho possessório e resistência.
O segundo conflito ainda perdura. Indígenas ocuparam a área de um condomínio de luxo, em Dourados (MS), na alegação de que o território é “terra ancestral” (assista ao vídeo mais acima). No começo de abril, nove homens das etnias Guarani e Kaiowá foram presos e seguem na cadeia até a última atualização desta reportagem. O Ministério dos Povos Indígenas chegou a chamar as prisões de arbitrárias e solicitou esclarecimentos ao governo estadual sobre a situação.
Em relação aos conflitos mais recentes, a A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a investigação da ação da Polícia Militar (PM) durante os conflitos fundiários entre os povos originários e fazendeiros em Mato Grosso do Sul.
A Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF), diz que a PM tem sido utilizada à favor do governo estadual e de empresários da região para “violar direitos fundamentais dos povos indígenas Guarani e Kaiowá de modo sistemático”.
Em entrevista ao g1 durante o período eleitoral de 2022, Riedel prometeu apaziguar a situação agrária entre indígenas e produtores rurais. A promessa ainda não foi cumprida. Entre um conflito e outro, a criminalização dos povos originários tem sido alvo e a atuação da polícia questionada, segundo especialistas.
A morte de Sophia Jesus OCampo, com apenas 2 anos, escancarou uma lacuna nas políticas públicas de proteção às crianças e adolescentes vítimas de violência. Ainda no primeiro mês de mandato, Riedel, em específico a secretaria estadual de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), teve que orquestrar medidas para ampliar a rede de segurança aos menores de idade no Mato Grosso do Sul.
Porém, a resposta oficial só veio no começo de março, mais de um mês após o caso que chocou o Brasil. Uma das primeiras respostas práticas do governo do estado, na capital, foi ampliação do atendimento de meninos e meninas vítimas de violência na Delegacia Especializada de Atendimento às Mulheres (Deam).
Em Campo Grande, a criação de uma sala específica para receber crianças e adolescentes foi prometida pelo governo estadual e a inauguração fixada para o dia 15 de abril, mas já foi adiada para o mês de maio. Pautas sobre os casos de violência contra crianças e adolescentes foram debatidas em vários municípios de Mato Grosso do Sul.
Na época, com a repercussão do “Caso Sophia”, o governo estadual informou a capacitação de 400 profissionais para o atendimento especializado, que busca obter informações do possível crime a fim de garantir proteção e cuidado das vítimas
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