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Como o home office pode gerar uma crise imobiliária

20, junho 2023
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Com trabalhadores em home office, ocupações de imóveis comerciais estão baixas. Exemplos dos EUA ligam um alerta sobre crise imobiliária

O prédio da 555 California Street, em São Francisco, abriga escritórios de grandes empresas e bancos, e está mais vazio do que nunca. A diminuição no número de pessoas faz parte do desafio das companhias de trazer os funcionários de volta do home office após a pandemia. O esforço não está funcionando tão bem e os números de imóveis vazios podem ser o início de uma crise imobiliária comercial e bancária.

Home office: tendência pós pandemia

  • Pessoas que trabalham no prédio e falaram em condição de anonimato ao The Washington Post contaram como nunca viram o prédio tão vazio. As fontes também descrevem como os imóveis comerciais da região estão tendo que abaixar os preços de locação para atrair clientes.
  • Isso acontece porque boa parte dos funcionários desses centros comerciais não querem retornar ao trabalho presencial, o que diminui o movimento também nos comércios e serviços ao redor desses locais.
  • Segundo a CBRE, empresa de investimentos dos EUA, a ocupação dos escritórios na cidade está em torno de 30%.
  • Já segundo o The Wall Street Journal, a torre de escritórios 350 California, a um a quarteirão da 555 California, foi vendido por US$ 60 milhões — 80% menos do que era vendido há quatro anos.
  • Enquanto algumas empresas já aceitaram isso e abraçaram o trabalho remoto, outras ainda resistem e enfrentam os desafios dos escritórios vazios.
  • Apesar do debate sobre os níveis de ocupação desses espaços, especialistas afirmam que o número nunca voltará ao que era antes de 2020.

Início da crise imobiliária

O 555 Californa Street, da Vornado Realty Trust e da Trump Organization, abriga empresas como Kirkland & Ellis e o banco Morgan Stanley, e mesmo assim está tendo dificuldade em pagar as contas: os co-proprietários pediram mais tempo para pagar o empréstimo de US$ 1,2 bilhão usado para comprar o prédio.

Já o proprietário do famoso hotel Hilton em Union Square, também em São Francisco, desistiu de pagar o empréstimo de US$ 725 milhões e vai retornar a propriedade ao credor. Os donos culparam o lento retorno ao trabalho e os escritórios vagos pela decisão.

Esse pode ser o início da crise imobiliária no que diz respeito aos imóveis comerciais. Segundo o provedor de dados imobiliários Trepp, no início deste mês, cerca de US$ 270 bilhões em empréstimo bancários dessas propriedades vencem em 2023 — e há um alto risco de inadimplência.

Crise bancária

Especialistas afirmam que, se esses proprietários de imóveis comerciais dependem das pessoas nos escritórios e elas não estão lá, há grande chance de que não consigam pagar seus empréstimos.

Isso significa que os valores serão acumulados e prejudicarão o sistema bancário.

Segundo Mark Zandi, economista-chefe da Moody’s Analytics, esse acúmulo pode levar a falências de bancos.

Soluções

Porém, especialistas dizem que essa situação já é conhecida há muito tempo e o pior pode ser evitado.

Os bancos podem renegociar os empréstimos, por exemplo, como aconteceu com o 555 California Street; essa é uma estratégia bancária de diluir as consequências durantes vários anos.

Segundo Tracy Hadden Loh, membro da Brookings Institution, que pesquisa imóveis e cidades, a estratégia é do interesse tanto do sistema imobiliário quanto bancário, já que nenhum dos dois setores quer colapsar.

Com informações de The Washington Post

Fonte: Olhar Digital